DOM RAUL GABRIEL CARDEAL STEINER
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL BISPO DI FRASCATI E ÓSTIA
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS
Carta Ut omnes unum sint
(Que todos sejam um)
(Que todos sejam um)
Sobre o múnus episcopal na pastoralidade virtual
''A comunidade se reúne onde estiver o Bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica." (Santo Inácio de Antioquia)
A todos que esta carta lerem, saúde e paz.
Todos e cada um dos bispos, à medida que lhes permite o cumprimento da função própria, são obrigados a colaborar entre si e com o sucessor de Pedro [1]. Vivenciamos esta pequena frase durante estes dias, lutamos pela unidade e trabalhamos para unirmo-nos a São Pedro, na pessoa do Papa João Paulo VII.
Ouvimos o apelo de Jesus que outrora nos chamou e que, no hodierno, ainda nos convida para que sejamos um, como o Pai e o Filho são um [2], para seguirmos a nossa caminhada de fé clamando, pedindo ao Senhor que todos sejam um [3].
A oração sacerdotal de Jesus é um lindo escrito localizado no capítulo 17 do evangelho de João, donde extraímos o desejo unificador do Cristo. Unidade de todo povo de Deus. União e salvação das almas. Esta é a missão de um epíscopo; unir a todos, pregar o evangelho e apascentar a igreja que foi confiada aos apóstolos e aos seus sucessores [4].
Nós protagonizamos a história da igreja contemporânea. Afirmo, com dito propósito, vencemos o tempo da escuridão, a noite escura que nos assolava e que fazia a barca de Pedro balançar para um lado e outro. Permanecemos firmes e continuamos a levar, guiar e conduzir todo Povo de Deus à verdade eterna. Como Jesus, o Bom Pastor, pegamos as ovelhas que se perderam - aquelas que saíram do aprisco - e as colocamos nos ombros e celebramos a volta da ovelha que havia se perdido.
A igreja é santa, mas também pecadora. O Papa é pecador? Os bispos são pecadores? Os (as) religiosos (as) são pecadores (as)? Sim, o são, contudo, buscam a santidade. A igreja não é santa por nossos méritos. Ela [a igreja] é santa porquê advém do Coração de Deus Uno, Santo e Trino. Nada mais é supérfluo ou raso, porque Ele é-lhe fiel e não a abandona [5]. Não sejamos revolucionários, com desejo profundo de mudar a igreja. Iniciemos em nós, nosso coração, nossa maneira de pensar e de agir com os irmãos. Desta forma seremos grandes exemplos e influenciadores para que a mudança e a diferença sejam realidade em nossa vivência fraterna.
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros [6], é preciso amar a messe para produzir bons frutos e nela louvar a Deus. Quando semeio sementes sem amor pelo campo, somente por obrigação, estou com os olhos cerrados para a dimensão celeste da Vinha. O simples fato de servir deve ser imbuído de tamanho amor que preencha todo o nosso coração [7]. Se não fosse pela nossa obediência, não estaríamos aqui hoje. Nossa obediência nos levou à águas mais profundas [8] e nos proporcionou estar mais ligado com a cabeça do Colégio Apostólico, o Sucessor de Pedro. Ele [o papa] permanecendo sempre íntegro ao seu poder primacial sobre todos, tanto aos pastores, como aos fiéis [9]. A obediência está idubiávelmente ligada ao amor. Se amo a Deus, irei obedecer a quem por Ele foi incumbido de me conduzir [10]. "Servos, obedecei em tudo a vossos senhores terrenos, servindo não por motivo de que estais sendo vistos, como quem busca agradar a homens, mas com sinceridade de coração, por temor a Deus" [11].
Fazendo toda esta introdução e escutando o que o Apóstolo Paulo nos diz que devemos em tudo dar graças [12]. Quero agradecer a vocês queridos bispos que continuaram firmes na missão de apascentar todo o Povo de Deus e lutaram com muito bravura pela unidade e pela paz, levando sempre em consideração aquilo que nos fora ensinado pelo Filho do Homem; o amor. Tudo por causa de um grande amor [13]. Nós nos redobramos e fizemos com que acontecesse essa união, sem desistir, desanimar ou cansar. Houve momentos que o mar ficava ainda mais agitado, contudo, fazíamos de tudo para continuar fiéis à nossa vocação, como Pastor d'àqueles a quem Deus nos confio. Lutamos e galardoamos ao Bom Jesus, para que aqueles que estavam sob nossa responsabilidade ficassem tranquilos e continuávamos exercendo a nossa missão de pastores.
Obrigado senhores bispos por tudo que realizaram, realizam e realizarão em prol da igreja, sem vocês, sem os padres, essa igreja não seria nada e não teríamos chegado até aqui.
Aproveito esta breve carta e CONVOCO os senhores bispos a estarem presentes na cidade eterna, Roma, no dia 08 de agosto (sábado) às 19h para juntos celebrarmos uma missa votiva a Nossa Senhora com a exposição da imagem mariana de Lucas II que foi a imagem responsável por acabar com a cisma.
Por fim, até aqui o Senhor nos conduziu, e certamente daqui pra frente Ele nos conduzirá [14]. Peçamos a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria para que ela continue intercedendo por nós e pela Santa Igreja. Olhemos para Virgem que brilha, como sinal de esperança segura, soledade certeira de consolação aos olhos do povo de Deus [15].
Dado e passado em Roma, no gabinete da Congregação para os Bispos, aos quatro dias do mês de agosto do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2020, na memória litúrgica de São João Maria Vianney.
Dom Raul Gabriel Cardeal Steiner
Prefeito da Congregação para os Bispos
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[1] Paulo VI, Const. Dogm. LUMEN GENTIUM, 23
[2] cf. João 17, 22
[3] cf. João 17, 21
[4] Paulo VI, Const. Dogm. LUMEN GENTIUM, 20
[5] Francisco, Catequese sobre o credo
[6] cf. João 13, 35
[7] Dom Marlindo Araújo, Carta CARITATEM FRATERNITATIS
[8] cf. Lucas 5, 4
[9] Paulo VI, Const. Dogm. LUMEN GENTIUM, 22
[10] Dom Marlindo Araújo, Carta CARITATEM FRATERNITATIS
[11] cf. Colossenses 3, 22
[12] cf. 1 Tessalonicenses 5, 18
[13] cf. Ir. Miria T. Kolling. ICM
[14] cf. Ir. Edir de Freitas, FA
[15] Paulo VI, Const. Dogm. LUMEN GENTIUM, 68