A Construção de Deus, sua Igreja, constitui-se por desígnio divino e atravessa os séculos como sinal constante do amor revelado em Jesus Cristo e guardiã das verdades eternais que, uma vezes recebidas por ação do Espírito Santo, mantém ininterruptamente resguardadas e transmitidas pela fé professada e pelo ser cristão em cada época ou lugar. Neste sentido, se compreender conforme afirmará a Lumen Gentium, como um dos títulos da ecclesia (ἐκκλησία) como uma Construção de Deus (Cf. LG 6), de tal sorte esta afirmação nos alcança, pois todos nós fazemos parte da grande catolicidade.
Ao tocarmos a eclesiologia do Concílio Vaticano II, encontramos o papel do laicato bem definido e realçado no seu sentido mais verdadeiro, apresentando o conceito de Igreja como Povo de Deus (Cf. LG 9). Ademais, um povo consagrado e escolhido não mais por uma linhagem pré-estabelecida, mas no agora da plenitude, pelo sacrifício eterno e definitivo operado por Jesus Cristo. Desta maneira, adentramos também a dignidade sacerdotal deste povo, os filhos da Igreja são sacerdotes e oferecem a Deus o sacrifício de suas vidas, é dos batizados que se extrairá o sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial.
O intuito do nosso labor não é reafirmar uma supremacia ou prevalência do clero sobre os fiéis leigos, mas à luz do magistério católico mostrar a importância do ser Povo de Deus, evidenciando o protagonismo e papel do laicato na Igreja e em nossa realidade do Habbo. Contudo, vale ressaltar o labor ardente que os pontífices romanos tem empreendido nos últimos anos, buscando conscientizar que, a prioridade na Igreja do Habbo não está em formar ministros ordenados ou religiosos consagrados, mas está especialmente na ação evangelizadora cujo destinatário é cada homem ou mulher de boa vontade.
Em mente todo o pressuposto esclarecido, temos a necessidade de reafirmar acerca do papel dos fiéis leigos e leigas na Igreja, chamando atenção para o Depósito Fídei (o depósito da fé). Guardar e anunciar a fé não é uma responsabilidade restrita daqueles que são clérigos, mas antes, é responsabilidade de todos os batizados (Cf. DV 8). Essa missão não pode ser vilipendiada e esquecida, a grande graça que todos temos acesso pelo batismo deve ser compreendida e assumida por todos que amam a fé católica.
Nas últimas seis décadas, se tem falado no âmbito eclesial sobre o protagonismo no laicato, em nossa realidade habbiana se desenvolveu essa diretriz desde dois sínodos para o laicato. O primeiro, celebrado no ano de 2018, presidido pelos papas Gregório III e Urbano III, resultando na exortação Sal Terrae. Em 2020 foi celebrado um segundo sínodo, por iniciativa dos papas João Paulo VI e João Paulo VII, os padres sinodais ofereceram ao reflexões importantes que resultaram na Exortação Mitte Me Ad Gentes.
Ao fazer recordação, relembramos o importante vigor que as duas assembleias sinodais ofereceram para a vida da Igreja, pautavam ardentemente a necessidade da missão, visando alcançar cada vez mais irmãos e irmãs. Além disso, evidenciou a necessidade da formação do laicato com a finalidade de contribuir na vida da Igreja em diversos serviços e ministérios.
O plano de fundo de nossa ação já parece suficientemente estabelecido, portanto, desejamos nos voltar aquilo que é mais urgente na realidade presente, intensificando para além das ações missionárias-pastorais, a formação adequada e acessível aos nossos leigos e leigas. Em vista disto, será necessário também uma cooperação ativa dos pastores de almas, a fim de que possam direcionar para nosso dicastério os fiéis desejosos de contribuir com a Igreja.
Ademais, decretamos o modus operandi a ser empreendido é aquele tão caro na história da Igreja, com inspiração catecumenal, reunir em comunidade os crentes para rezar e aprender. Entendemos que a catequese a liturgia não estão dissociadas e necessitam de um maior enfoque no que é oferecido aos fiéis leigos e leigas no habbo.
Os leigos e leigas católicos tem dentre os seus direitos, aquele de uma verdadeira formação e acesso aos elementos essenciais da fé, é com este intuito que tomaremos novamente o projeto desejado desde o sínodo para o laicato de materiais que possam ser oferecidos aos fiéis, para isso, se organizará uma comissão mais ampla a fim de desenvolver efetivos serviços.
Isto posto, nada deve ser mais importante para um batizado, se não o desejo de anunciar aos outros a grande alegria: Aquele que sofreu a paixão na mão dos algozes, morreu preso no madeiro da cruz e no declinar daquele dia foi sepultado em um túmulo, já não está morto mas verdadeiramente vivo. O Cristo ressuscitou, aleluia! A nossa fé é verdadeiramente pascal, não nos falta ânimo diante dos desafios, pois Jesus Cristo venceu a morte e nos deu a vida em plenitude. Recorramos à Virgem Maria, mãe da divina alegria e aprendamos o laetare (alegrai-vos sempre).
Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor.
✠ Odilo Pedro Cardeal Scherer
