DOM RAUL GABRIEL CARDEAL STEINER
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL-BISPO DI SABINA-POGGIO MIRTETO
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
"Nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde agora temos recebido a reconciliação" (Rom, 5-11).
A Santa Igreja de Deus mediante seus dons e carismas, tem como missão levar a todos o bem maior que é a santidade. O caminho que leva a isso é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos nos ensinam esta verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor; santo, também, não é aquele que não cai, mas aquele que cai e se levanta. Eles atingiram a santidade, porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos; alegrias e tristezas; luzes e trevas.
Sabemos, portanto, que está é uma tarefa difícil. Ser santo não é ser perfeito. Se fôssemos perfeitos, não era preciso buscar a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe a buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o mistério da morte, a tal ponto de chamá-la de irmã morte. Santa Terezinha do Menino Jesus trilhou seu caminho de santidade na obediência e na pequena via.
Vivemos, hoje, em um tempo que é grande a busca pela santidade. Tal atitude não é errada. Porém, muitos a têm buscado sem se reconciliar com seu lado humano, seu lado em comunidade. E quando descobrem que enquanto não forem humanos não conseguirão chegar à santidade, entram em complexas crises de identidade. Nosso Senhor chama a cada um de nós a segui-lo e alcançar este tesouro verdadeiro. Cristo ainda chama alguns de seus filhos para servirem mais profundamente a Ele, estando em profunda oração ou saindo em missão e servindo-O pelo irmão, e, muitas das vezes, existe o chamado a integrar alguma ordem religiosa levando a finalidade da vida que é sumamente a salvação.
Ainda assim, sabemos que todas as ordens religiosas, para seu sustento, precisam de vocações para que a que a messe não se perca por falta de operários, bem como, uma estrutura para cumprir da melhor maneira o chamado do Senhor.
E é nesse sentido que voltamos nossos olhares para ao Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote, Instituto este que bem seguiu e cumpriu, durante este tempo, a vontade do Senhor. Fazendo seu carisma levar a fé, a pobreza e a caridade aos irmãos. Não obstante, atualmente esta ordem vem se desencaminhando do rumo proposto como seu destino.
Então, quis nosso Senhor Jesus Cristo que chegasse ao fim de tal ordem para a maior glória de seu nome, com a certeza de que tais religiosos cumpriram e seguiram o Seu caminho. Sendo assim, observando a falta de vocações e de compromisso de tal Ordem e tendo como finalidade o bem dos religiosos e da Santa Igreja, DECRETAMOS o fechamento do Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote e agradecemos por todos os serviços prestados à Santa Igreja e seus membros.
Sem mais, exorto-vos para que em tudo deem glória ao Senhor. Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em Pessoa, mostrou-nos como deu glória ao Pai durante a Sua vida terrena: “Eu glorifiquei-Te na Terra, consumando a obra que me deste a fazer” (Jo 17,4). E sabemos que esta obra era a vontade do Pai. É perceptível que isso o levou a tomar muitas atitudes– como pregar, fazer milagres, fundar a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do Pai. Quando, próximo do fim, Jesus disse na cruz: “Tudo está consumado” (Jo 19,30), não estava querendo dizer que Sua vida chegava ao fim, mas que a obra encomendada pelo Pai, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava, agora, perfeitamente concluída e já não restava mais nada a fazer.
Rogo ainda as bênçãos de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre cada um de vós, para que continuem a missão de levar a santidade aos irmãos.
Dado e passado em Roma, junto a sede da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica, 03 de Novembro do Ano do Senhor de 2020.