DOM JORGE SNAIF CARDEAL SARTO D'MÉDICI
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL PRESBÍTERO DE SANTÍSSIMO SACRAMENTO A TOR DE 'SCHIAVI
PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA NOVA EVANGELIZAÇÃO
Aos Cardeais e bispos,
aos Padres e Diáconos,
a todo o povo de Deus,
saudação e benção aos que esta lerem.
"Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e será queimado. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisso é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos. ''Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor." (cf. João 15, 5-9). A Igreja é o corpo místico de Cristo (Cf. a Exortação Apostólica SAL TERRAE, por sua Santidade, Urbano III), portanto, tem seus membros distribuídos em suas potências e forças. Com isso, à Santa Igreja necessita entrar em sua essência, na qual consiste na normalização de suas partes, entretanto, suas bases se encontram não muito definidas, quanto pela má formação dos leigos, quanto pela clericalização da Igreja (Cf. o Discurso de Sua Santidade, Paulo IV, na 5° Sessão da Assembleia para os leigos). Em vista disso, a Primeira Assembleia para os Leigos foi convocada, visando o bem do Corpo de Cristo e fortalecer ainda mais a vida laical. ''Assim como num mesmo corpo temos muitos membros, e nem todos têm a mesma função, assim, sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros'' (Cf. Rom. 12, 4-5). Outrossim, mesmo não exercendo a similar função, fazemos partes da mesma estrutura e estamos submissos ao mesmo Deus criador, então, devemos trabalhar colegiados pelo bem comum da Igreja.
À vista disso, foi escolhido o tema da assembleia, o qual é: ''Vocação Laical: Chamado à Santidade através do Serviço''. Levando em conta que a Igreja é santa, pois foi criada pelo próprio Cristo, da qual é esposa, os seus membros devem procurar a Santificação interior e, desse modo, contribuir pelo avanço do reinado de Cristo. Portanto, levando em conta o texto bíblico de Eclesiástico, chegamos à conclusão que Deus, em sua infinita glória, não exclui nenhum de seus filhos e deseja que todos eles trabalhem pelo bem comum de sua esposa, à Igreja. A priori, tomando como base o documento Pós-Sinodal de Sua Santidade, João Paulo II; CHRISTIFIDELES LAICI, podemos ver o belo trabalho que é reservado aos leigos, que, em sua maioria, são tão diminuídos ao serem postos apenas para as missas habbianas. Entretanto, a assembleia não foi elaborada no viés de sobrecarregar os seus leigos, mas sim de orientar os pastores de como recebê-los em seu meio e de como atraí-los a Igreja.
Destarte, a Exortação Apostólica SAL TERRAE de Sua Santidade, Urbano III, demarca a missão missionária da Igreja e os desafios apresentados por muitos padres, que, em sua totalidade, não receberam instruções para bem receber os leigos e como introduzi-los em suas atividades. Logo adiante, o documento ressalta a missão entre o LAICATO e o CLERO, dos quais não devem se separar, mas sim, estarem unidos em Nosso Senhor. Entretanto, deixa claro que a Igreja não deve mudar sua visão, e sim, explicar melhor o que já foi tratado, além de pedir a cumplicidade mútua, do qual propõe o empenho do pastor com suas ovelhas e as ovelhas ouvirem seu pastor.
Não obstante dessa realidade, é reforçado ainda na exortação supracitada que, a Igreja como suprema e santa, deve investir em trabalhos referentes à cristianização do seu redil. Dessa maneira, deve-se procurar modos que provoquem a curiosidade em saber mais sobre ela, pois como afirmava o grande Doutor da Igreja, Santo Agostinho, não desejamos aquilo que não conhecemos. Porém, admoestamos que este dicastério não quer menosprezar ou diminuir o papel do sacerdócio e nem muito menos dar mais funções ao laicato que são funções de ministros ordenados, entretanto, reforçamos que não tenham medo de cultivar ensinamentos nas pessoas.
Logo, visando sanar as dúvidas de muitos sobre o que deve ocorrer e como o processo pode ser feito, determinamos o que se segue abaixo:
- O clero deve procurar escolher um dia na semana para que possa fazer missões nos quartos, no qual se deve evitar pressões sobre as pessoas, como também deve evitar chamar ao seminário. - Sim, muitos dos problemas com os leigos é a clericalização da Igreja, pois muitos são obrigados a seguirem uma vocação que não tem e acabam se frustando;
- Introduzi-los em nossas paróquias com diversos papéis, do quais podemos tomar os de: secretários, leitores, acólitos, como também animadores de pastoral. - É de suma importância incumbir os leigos em grandes responsabilidades para que possam servir diretamente nas pastorais;
- Os arcebispos devem promover retiros públicos junto com seu clero particular para ter uma convivência melhor com as pessoas do Hotel;
- A Prefeitura da Educação Católica e a Congregação para os Leigos devem se empenhar na elaboração de uma plataforma socioeducativa para os leigos.
Em vista do que fora apresentado e, levando em conta o que o Sacrossanto Concílio Vaticano II determina, a assembleia procurou seguir os mesmos passos da Realidade e não fugir da essência de uma Igreja em saída (Cf. a Constituição Apostólica ''Lumen Gentium, em: ''Unidade da Diversidade''). Com isso, este dicastério é ciente da importância da Igreja, o corpo místico de Cristo, na vida e salvação do seu povo, por consequência, vemos a necessidade do impulsionamento de novos apostolados em nosso meio, para que, assim, possamos fluir nas virtudes e na evangelização. Nota-se, então, a fuga de muitos no verdadeiro sentido na Igreja Habbiana, ou seja, se esquecem que somos uma Igreja pautada na evangelização virtual, que, da qual, devem aflorar novas vocações e o seguimento da Igreja da realidade. Necessitando então da conexão de seus membros, para que não fujamos do real sentido de fazer parte do reinado de Cristo.
Dessa forma, o decreto ''APOSTOLICAM ACTUOSITATEM'' do Concílio Vaticano II determina, no Capítulo I, ''Fundamentos do apostolado dos leigos'':
''3. O dever e o direito ao apostolado advêm aos leigos da sua mesma união com Cristo cabeça. Com efeito, inseridos pelo Baptismo no Corpo místico de Cristo, e robustecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, é pelo Senhor mesmo que são destinados ao apostolado. São consagrados em ordem a um sacerdócio real e um povo santo (cfr. 1 Ped. 2, 4-10) para que todas as suas actividades sejam oblações espirituais e por toda a terra dêem testemunho de Cristo. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam neles aquele amor que é a alma de todo o apostolado (3). O apostolado exercita-se na fé, na esperança e na caridade, virtudes que o Espírito Santo derrama no coração de todos os membros da Igreja. Mais o preceito do amor, que é o maior mandamento do Senhor, estimula todos os fiéis a que procurem a glória de Deus, pelo advento do Seu reino, e a vida eterna para todos os homens, de modo que eles conheçam o único Deus verdadeiro e Jesus Cristo, seu enviado (cfr. Jo. 17, 3). A todos os fiéis incumbe, portanto, o glorioso encargo de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens em toda a terra.
O Espírito Santo - que opera a santificação do Povo de Deus por meio do ministério e dos sacramentos - concede também aos fiéis, para exercerem este apostolado, dons particulares (cfr. 1 Cor. 12, 7), «distribuindo-os por cada um conforme lhe apraz» (1 Cor. 12, 11), a fim de que «cada um ponha ao serviço dos outros a graça que recebeu» e todos actuem, «como bons administradores da multiforme graça de Deus» (1 Ped. 4, 10), para a edificação, no amor, do corpo todo (cfr. Ef. 4, 1). A recepção destes carismas, mesmo dos mais simples, confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de os actuar na Igreja e no mundo, para bem dos homens e edificação da Igreja, na liberdade do Espírito Santo, que :(sopra onde quer» (Jo. 3, 8) e, simultâneamente, em comunhão com os outros irmãos em Cristo, sobretudo com os próprios pastores; a estes compete julgar da sua autenticidade e exercício ordenado, não de modo a apagarem o Espírito, mas para que tudo apreciem e retenham o que é bom (cfr. 1 Tess. 5, 12.19.21)(4).''
Em virtude disso, como membros do Cristo e professando a fé que recebemos no batismo (Cf. Efésios 4,5), devemos procurar o engajamento nos trabalhos pastorais para que possamos dar acréscimo ao Vicariato de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, armados pelos dons do Espirito Santo que, por providência divina recebemos no sacramento da confirmação, todos somos chamados ao pleno caminho da evangelização e, principalmente, a tomarem em si o carisma missionário. É para isso que este dicastério existe, para que, assim como os apóstolos após a morte de Cristo foram ao caminho do povo para pregar a ressurreição de seu salvador, nós, enquanto sucessores dos apóstolos, devemos procurar meios para difundir a boa nova do evangelho do senhor (Cf. Atos 1,8).
''Porque, como todos os fiéis, são por Deus encarregados do apostolado, em virtude do Baptismo e da Confirmação, os leigos têm o dever e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra. Este dever é ainda mais urgente quando só por eles podem os homens receber o Evangelho e conhecer Cristo. Nas comunidades eclesiais, a sua acção é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, a maior parte das vezes, alcançar pleno efeito (440).'' (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 900).
Em vista disso, e como foi apresentado acima, à Igreja para dar continuidade ao projeto salvífico de Deus, nosso Senhor, e garantir a perpétua sucessão, na qual foi tratada pelo Concílio Vaticano I, necessita de trabalhadores insignes e exímios operários da vinha de Cristo. Sendo assim, após os novos ares que a Igreja passou no século XX e, precipuamente, no exercício de sua missão missionária, todas as arquidioceses devem elaborar apostilas socioeducativas e catequéticas para a formação de seus leigos.
Pois, como citado acima, não se vive do que não conhece e nem adentra no que não se toma ciência, assim, o documento Pós-Sinodal de Sua Santidade, João Paulo II, ''CHRISTIFIDELES LAICI'', no exercício de suas determinações, declara que todos nós devemos tender a santidade, para que, com os trabalhos de nossa vida ordinária, possamos oferecer um culto agradável a Deus, como também afirma a Constituição Apostólica ''Lumen Gentium'':
''Por consequência, devem os fiéis conhecer a natureza íntima e o valor de todas as criaturas, e a sua ordenação para a glória de Deus, ajudando-se uns aos outros, mesmo através das actividades propriamente temporais, a levar uma vida mais santa, para que assim o mundo seja penetrado do espírito de Cristo e, na justiça, na caridade e na paz, atinja mais eficazmente o seu fim. Na realização plena deste dever, os leigos ocupam o lugar mais importante. Por conseguinte, com a sua competência nas matérias profanas, e a sua actuação interiormente elevada pela graça de Cristo, contribuam eficazmente para que os bens criados sejam valorizados pelo trabalho humano, pela técnica e pela cultura para utilidade de todos os homens, sejam melhor distribuídos entre eles e contribuam a seu modo para o progresso de todos na liberdade humana e cristã, em harmonia com o destino que lhes deu o Criador e segundo a iluminação do Verbo. Deste modo, por meio dos membros da Igreja, Cristo iluminará cada vez mais a humanidade inteira com a Sua luz salvadora.
Além disso, também pela união das próprias forças, devem os leigos sanear as estruturas e condições do mundo, se elas porventura propendem a levar ao pecado, de tal modo que todas se conformem às normas da justiça e antes ajudem ao exercício das virtudes do que o estorvem. Agindo assim, informarão de valor moral a cultura e as obras humanas. E, por este modo, o campo, isto é, o mundo ficará mais preparado para a semente da palavra divina e abrir-se-ão à Igreja mais amplamente as portas para introduzir no mundo a mensagem da paz.
Devido à própria economia da salvação, devem os fiéis aprender a distinguir cuidadosamente entre os direitos e deveres que lhes competem como membros da Igreja e os que lhes dizem respeito enquanto fazem parte da sociedade humana. Procurem harmonizar entre si uns e outros, lembrando-se que se devem guiar em todas as coisas temporais pela consciência cristã, já que nenhuma actividade humana, nem mesmo em assuntos temporais, se pode subtrair ao domínio de Deus. É muito necessário em nossos dias que esta distinção e harmonia se manifestem claramente nas atitudes dos fiéis, que a missão da Igreja possa corresponder mais plenamente às condições particulares do mundo actual. Assim como se deve reconhecer que a cidade terrena se consagra a justo título aos assuntos temporais e se rege por princípios próprios, assim com razão se deve rejeitar a nefasta doutrina que pretende construir a sociedade sem ter para nada em conta a religião, atacando e destruindo a liberdade religiosa dos cidadãos (115)''
'''Um só e o mesmo é o Espírito que opera todas estas coisas'' (Cf. 1 Cor. 12,11). O Espirito Santo paira e sopra seus dons em todo o corpo de sua Igreja, através disso correm as santas vocações, que, operando em seus trabalhos, alcançam cada vez mais novas pessoas para o trabalho na vinha do Cristo, senhor nosso. Sendo, portanto, força e fé para fortalecer a alma e exaltar a Igreja.
Sem mais, rogamos a Virgem Santíssima, e aos Bem-Aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, para que roguem pela Santa Igreja e nos ajude a percorrer nos caminhos de Cristo, eterno e sumo sacerdote.