DICASTÉRIO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS
NOTA
Após a publicação da V Edição Típica do Missal Romano, não poderia, este Dicastério, deixar de perceber e analisar os efeitos da aplicação da mesma edição típica, para corrigir o necessário, adaptar as realidades e promover uma participação mais frutuosa do sacramento. Voltamo-nos, assim, ao que disse Papa Francisco: "Entendamo-nos: todos os aspetos do celebrar devem ser cuidados (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestes, canto, música,…) e todas as rubricas devem ser observadas: bastaria esta atenção para evitar subtrair à assembleia aquilo que lhe é devido, isto é, o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece. Mas mesmo que a qualidade e a norma da ação celebrativa estejam garantidas, isso não bastaria para tornar plena a nossa participação." (Carta Apostólica Desiderio Desideravi, n.23). Percebemos, assim, que o cumprimento das rubricas da sagrada liturgia não é mero rubricismo, mas, caminho para tornar possível a plena participação dos sacerdotes e ministros.
Voltamos, assim, nossa atenção ao modo de concelebrar, que sofreu recentes alterações com a V Edição Típica do Missal Romano, a saber:
1. As partes que são proferidas por todos os concelebrantes, junto do celebrante principal, não devem ser ditas em alta voz. Basta a ação, indicada pelo sinal "*", com o gesto e a indicação de que diz com o presidente, ou algo semelhante.
2. Todos os concelebrantes (seja junto do altar, seja em seus lugares quando for grande o número de concelebrantes e difícil que todos se aproximem sem impedir que a assembleia acompanhe os ritos sagrados) estendem as mãos junto do celebrante principal na epiclese sobre os dons, e permanecem com as duas mãos estendidas até o fim da mesma prece, não obstante o celebrante principal uni-las para traçar a cruz sobre os dons, ou até a rubrica indicar que o presidente, após a traçar a cruz, une as mãos novamente.
3. Além das partes indicadas a serem feitas por cada um dos concelebrantes, que deve seguir os gestos das rubricas, todos os concelebrantes dizem juntos a epiclese sobre os dons, a narrativa da instituição da Eucaristia, a anamnese e a epiclese sobre a assembleia reunida:
a) Na Oração Eucarística I: Desde Dignai-vos, ó Pai, aceitar, (Quam oblationem) até Suplicantes, vos pedimos, (Supplices), o celebrante principal faz os gestos, e todos os concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
- Dignai-vos, ó Pai, aceitar, (Quam oblationem), com as mãos estendidas para as oblatas;
- Na véspera de sua paixão, (Qui pridie) e Do mesmo modo, (Simili modo), de mãos juntas;
- as palavras do Senhor, TOMAI, TODOS (ACCÍPITE ET), se parecer oportuno, com a mão direita estendida para o pão e para o cálice; à ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e fazem em seguida inclinação profunda;
- Celebrando, pois, a memória (Unde et memores) de braços abertos;
- Suplicantes, vos pedimos, (Supplices), inclinados e de mãos juntas, até às palavras: participando deste altar (ex hac altaris participatione); erguem-se em seguida e benzem-se às palavras: sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu. (omni benedictione caelesti et Gratia repleamur).
- Às palavras E a todos nós pecadores, (Nobis quoque peccatoribus), todos os concelebrantes batem no peito.
b) Na Oração Eucarística II: Desde Santificai, pois, estes dons, (Haec ergo dona) até Suplicantes, vos pedimos (Et Supplices), todos os concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
- Santificai, pois, estes dons, (Haec ergo dona), com as mãos estendidas para as oblatas;
- Estando para ser entregue (Qui cum passioni) e Do mesmo modo, (Simili modo), de mãos juntas;
- as palavras do Senhor, TOMAI, TODOS (ACCÍPITE ET), se parecer oportuno, com a mão direita estendida para o pão e para o cálice; à ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e fazem em seguida inclinação profunda;
- Celebrando, pois, o memorial (Memores igitur) e Suplicantes, vos pedimos (Et Supplices), de braços abertos.
c) Na Oração Eucarística III: Desde Por isso, ó Pai, nós vos suplicamos (Supplices ergo te, Domine) até Olhai com bondade (Respice, quáesumus), todos os concelebrantes dizem tudo em simultâneo, deste modo:
- Por isso, ó Pai, nós vos suplicamos (Supplices ergo te, Domine), com as mãos estendidas para as oblatas;
- Na noite em que ia ser entregue, (Ipse enim in qua nocte tradebatur) e Do mesmo modo, no fim da ceia, de mãos juntas;
- as palavras do Senhor TOMAI, TODOS (ACCÍPITE ET), se parecer oportuno, com a mão direita estendida para o pão e para o cálice; à ostensão, olham para a hóstia e para o cálice e fazem em seguida inclinação profunda;
- Celebrando agora, ó Pai, o memorial (Memores igitur) e Olhai com bondade (Respice, quáesumus), de braços abertos.
d) As demais Orações Eucarísticas seguem a mesma lógica.
4. Os concelebrantes cuidem de saber antecipadamente em qual Igreja concelebram, para poderem dizer o nome do Ordinário local (Arcebispo, Bispo Diocesano ou Administrador Apostólico) corretamente.
5. A doxologia final da Oração eucarística é dita só pelo sacerdote celebrante principal e, se parecer bem, juntamente com todos os outros concelebrantes, mas não pelos fiéis.
6. A comunhão dos concelebrantes faz-se de algum dos seguintes modos:
a) Recebendo as frações da hóstia antes da comunhão e comungando com o presidente: Terminada a oração antes da Comunhão, o celebrante principal genuflete e afasta-se um pouco. Os concelebrantes, um após outro, vão ao meio do altar, genufletem e tomam com reverência o Corpo de Cristo com a mão direita, pondo por baixo dela a esquerda, e voltam para os seus lugares. Podem também ficar todos nos seus lugares e tomar o Corpo de Cristo da patena que o celebrante principal (ou um ou mais concelebrantes) lhes apresenta; podem também passar a patena uns aos outros. Depois o celebrante principal toma a hóstia consagrada nessa Missa, e apenas ele levanta-a um pouco sobre a patena ou sobre o cálice e, voltado para o povo, diz: Felizes os convidados... Eis o Cordeiro de Deus (Ecce Agnus Dei... Beati qui ad cenam); em seguida, continua, juntamente com os concelebrantes e o povo: Senhor, eu não sou digno (Domine, non sum dignus).
Depois o celebrante principal, voltado para o altar, diz em silêncio: O Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna (Corpus Christi custodiat me in vitam aeternam): e comunga com reverência o Corpo de Cristo. O mesmo fazem os concelebrantes, que comungam por si mesmos. Depois deles, o diácono recebe do celebrante principal o Corpo e o Sangue do Senhor.
O Sangue do Senhor pode comungar-se bebendo directamente do cálice, ou por intinção, ou por meio de uma cânula, ou por meio de uma colherinha. Se a Comunhão se faz bebendo directamente do cálice, pode adoptar-se um dos seguintes modos:
a1) O celebrante principal, estando de pé a meio do altar, toma o cálice e diz em silêncio: O Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna (Sanguis Christi custodiat me in vitam aeternam); bebe um pouco de Sangue e entrega o cálice ao diácono ou a um dos concelebrantes. Em seguida, distribui a Comunhão aos fiéis. Os concelebrantes, um após outro, ou dois a dois, se há dois cálices, vão ao altar, genuflectem, bebem o Sangue, limpam as bordas do cálice e retiram-se para os seus lugares.
a2) O celebrante principal comunga o Sangue do Senhor na forma habitual, ao meio do altar. Os concelebrantes, porém, podem comungar o Sangue do Senhor nos seus lugares, bebendo do cálice que lhes é apresentado pelo diácono ou por um dos concelebrantes; ou então passam eles mesmos o cálice uns aos outros. O cálice é limpo de cada vez, ou por quem dele bebe ou por quem lho apresenta; à medida que vão comungando, os concelebrantes regressam aos seus lugares.
b) Depois do presidente e bebendo do cálice:
O celebrante principal comunga sob as duas espécies na forma habitual; mas comunga do cálice segundo o modo que tiver sido escolhido, em cada caso, para os outros concelebrantes. Depois de o celebrante principal ter comungado, coloca-se o cálice sobre outro corporal no lado do altar.
Os concelebrantes, um por um, vão ao meio do altar, genufletem e comungam o Corpo do Senhor; passam depois para o lado do altar e ali comungam o Sangue do Senhor, segundo o modo escolhido para a Comunhão do cálice, diretamente do cálice, ou por meio de uma cânula, ou por meio de uma colherinha.
c) Por intinção (modo habitual): O celebrante principal comunga da hóstia e bebe do cálice. Ninguém comunga antes deste. Em seguida o diácono, ou um dos concelebrantes, põe o cálice sobre o corporal, no meio do altar ou no lado, e junto do cálice a patena com as hóstias. Os concelebrantes, um por um, vão ao altar, genufletem, tomam a hóstia, molham-na parcialmente no cálice e comungam, pondo o sanguíneo por baixo da boca. A seguir, voltam para os lugares que ocupavam ao princípio da Missa.
d) Parece-nos mister ressaltar que os concelebrantes jamais tomam a Sagrada Comunhão pelas mãos de outros.
7. No final da missa, os concelebrantes, antes de se retirarem, fazem todos uma inclinação profunda diante do altar, mas, apenas o celebrante principal e o diácono o beijam.
Confiamos a Santa Virgem Maria a nossa liturgia, para a glória de Deus e a santificação dos homens e mulheres.
Roma, Palazzo delle Congregazioni, 14 de agosto de 2024.
+ Daniel Paulo Card. Stramantino
Prefeito