ODILO PEDRO CARDEAL SCHERER
Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica
Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé
INSTRUÇÃO
VULNERA CHRISTI
(Instrução acerca da reverência ao Papa e ao Sínodo em curso na realidade.)
As chagas de Cristo estão presentes em nossos dias por meio de notáveis testemunhos, destacando-se entre as grandes testemunhas: Giovanni Pietro di Bernardone. Ademais, o presente decreto deseja responder aos anseios e críticas estabelecidas recentemente em nosso meio, acerca do Papa Francisco e de seu magistério, especialmente ao sínodo atualmente em curso. Em virtude do anteposto, o Dicastério para a Doutrina da Fé em sinal de comunhão com a Igreja na realidade, decidiu elaborar esta instrução, utilizando por base a longa tradição franciscana, marcadamente sinodal (irmãos que caminham juntos).
Regozije-se a Santa Mãe, a Igreja, por passados mais de oito séculos, enquanto a figura frágil e firme de Frei Francisco, o irmão menor, continua a sustentar a mesma instituição com um apelo constante à conversão e à evangelização dos mais simples e pobres. Contudo, a memória do Seráfico Pai revigora a iniciativa constante e necessária para a vida cristã: A vida do cristão não pode estar dissociada de seu agir, de sua práxis, caso contrário, a mensagem católica torna-se mero discurso vazio.
Neste sentido, na ação pastoral, missionária e doutrinária, é imperativo retomar um agir cristão franciscano, onde o que está em jogo é semelhar-se a Cristo, levando até as últimas consequências a dignidade batismal. Isso deve impulsionar os homens e mulheres de nosso tempo a avançar para águas mais profundas, mantendo a vivacidade e força da fé, a transparência firme da ortodoxia e a generosidade que brota da caridade, encontrando os mais pobres e marginalizados.
Em evidência, a realidade de nosso apostolado online, esses valores devem ser resgatados com o máximo esforço, para que, por meio de um testemunho autêntico e livre, à semelhança de Francisco de Assis, possamos ser sinais luminosos de Cristo, Senhor e Servo, nesta missão. Além disso, podemos unir-nos em uma única prece: "Sumo, glorioso Deus, ilumina as trevas do meu coração" (Cf. Oratio ante Crucifixum 1,2). As chagas que estigmatizaram Francisco, à semelhança das de Cristo no madeiro, são convites constantes ao seguimento, implicando um coração inclinado ao Mestre, pois, se assim não for, o testemunho da unidade será cada vez mais fragilizado, a alegria cederá lugar à tristeza, a temperança ao ódio, a autenticidade exige uma resposta firme: "Vivei sempre na verdade, para morrerdes na obediência." (Cf. Audite Poverelle, 2)
O presente escrito deseja expressar a união de nosso apostolado com a caminhada sinodal da Igreja na realidade, que inicia nestes dias a retomada do Sínodo. A experiência da sinodalidade deve ser cada vez mais resgatada na vida da Igreja e também por cada um de nós no Habbo. Somente com esta iniciativa de escuta e caminhada juntos, trilharemos um caminho eficaz de anúncio e encarnaremos o propósito: "Amar que ser amado!" (Cf. Oração de S. Francisco popular). Ademais, a iniciativa sinodal deve existir desde os dicastérios da Cúria Romana, dioceses, paróquias, seminários e também com aqueles irmãos separados. A perspectiva da escuta e da acolhida deve envolver a todos, sem distinção.
A Igreja no Habbo deve ser um apelo constante em favor da Igreja na realidade, sem jamais desviar dos propósitos da fé e do anúncio querigmático. Por isso, repudiamos com veemência qualquer contrariedade e ofensa ao Papa Francisco e seu magistério, bem como ao sínodo em curso, isso deve gerar em nossa comunidade de fé a virtude da gratuidade, afirma Frei Francisco no século XIII: "Pois o que prefere sofrer perseguição a separar-se de seus irmãos, permanece de verdade na obediência perfeita, porque dá sua vida (Cf. Jo 15, 13) por seus irmãos." (Cf. Fontes Ex, Administração III, 10).
Devemos reafirmar a nossa unidade para com o Sucessor de Pedro, a fim de que jamais nos desviemos do caminho certo e para que se realize em nosso meio o desejo do próprio Jesus: "Que seja eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade." (Cf. Jo 17,23). Assim, aqueles que atentam contra a boa fama do Papa e a retidão de seus trabalhos (sýnodos) poderão e serão penalizados conforme estabelece a disciplina canônica.
O testemunho do Pobrezinho de Assis é para nós um valoroso luzeiro. Ocupando o menor dos cargos hierarquicamente possíveis, ele reformou a Igreja e renovou sua estrutura mediante uma abertura incondicional à ação do Espírito Santo e estrita obediência. Além disso, todos nós somos chamados a seguir este exemplo, pois somente assim poderemos dizer com Francisco: "Louvado seja, meu Senhor!" (Cf. Canticum Fratris Solis, 3).